O Parque da Sustentabilidade e os do Alboi – mais uma rejeição, essa sim, sustentada

1)
No passado dia 14 realizou-se uma reunião de moradores e de quem trabalha no Alboi para discutir o que o projecto do Parque da Sustentabilidade prevê para o Bairro.
Compareceram muitas pessoas; o Presidente da Câmara apresentou o trabalho e – dada a importância do assunto (não apenas para o Bairro, mas também para a cidade) –, parece importante sublinhar a reter o que segue.

2)
O Projecto – que está praticamente pronto – foi apresentado como sendo uma oportunidade imperdível, uma vez que pouco gastando se poderão obter uns quantos milhões de euros; para tal é preciso que o projecto esteja concluído até 31 de Maio, circunstância que faz com que sejam inaceitáveis pareceres que o alterem substancialmente.

No plenário, muito poucas – ou nenhumas – foram as vozes de apoio às soluções previstas, tendo sido muitas as que protestaram por nada se estar a fazer para resolver os problemas agora, de facto, existentes e muitas outras as que reclamaram contra o que de mal agora ali se pretende fazer.

(…)
O Alboi é um espaço nobre e único de residência no centro da cidade que não precisa de nenhuma "auto-estrada" a atravessá-lo uma vez que isso vai descaracteriza-lo e piorar a qualidade de vida que aqui se tem;
O Alboi já tem, neste momento, comportamentos socialmente reprováveis, ruído e vandalismo demais (e que ninguém reprime), gerados pelos utentes da Discoteca, dos Bares e do Pavilhão do Beira Mar, não precisa, portanto, que tudo isso seja aumentado com muitas das coisas novas que o Projecto prevê;
O Alboi já não tem espaços pedonais e de estacionamento que sirvam quem aqui vive e trabalha, sendo que "oferecer-lhes" para tal, ou os Parques a construir sob os Campos de Ténis na Baixa, ou os existentes na Marques de Pombal e no Canal de S. Roque (usando a nova Ponte para encurtar caminho…!), é, no mínimo… inaceitável;
(…)

Neste quadro e tendo em conta, quer o momento, quer as condições em que se "solicitam" os pareceres e contributos dos cidadãos, houve quem reclamasse – e bem – um pouco de mais "seriedade intelectual".

Pelo meu lado acrescento, com desgosto e (alguma) revolta, que – do meu ponto de vista e, seguramente, do ponto de vista de muitos mais – hoje já estamos num outro tempo, meus Caros Decisores – Autarcas e Outros "parceiros no projecto":
– Um qualquer Projecto só valerá pela bondade do respectivo conteúdo e nunca – nunca mais –, pelo facto de nos permitir obter dinheiros fáceis para fazer obras que assim parecem muito baratas:
– O País, meus Caros, está cheio de coisas muito, muito baratas que só nos atrapalham, que só nos gastam recursos a conserva-las e, pior do que isso, que não nos deixam ver aquilo de que realmente precisamos.

É tempo – e estamos a tempo – de fazer (eventualmente) menos, mas melhor: – Que prevaleça o bom senso.


Pompílio Souto
Arquitecto